Tiffany e o Art Nouveau nos Estados Unidos

Eduardo Raddi
3 min readApr 17, 2020

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Louis Comfort Tiffany. Apesar do nome não ser tão conhecido popularmente fora dos círculos de designers e historiadores de arte, seu legado definitivamente é. Vamos ver um pouco da trajetória do artista, falar sobre o Art Nouveau, e analisar, de forma rápida, algumas de suas obras.

Trajetória

Filho de Charles Tiffany, dono de uma grande empresa, que viria a se tornar a Tiffany & Co, Louis sempre foi chegado em arte. Trabalhou com um proeminente pintor de paisagens, George Inness, e estudou em Paris durante quatro anos, no ateliê de Leon Charles Bailly. Quando voltou a Nova Iorque, por volta de 1870, fascinado pelo influente trabalho do vitralista francês Émile Gallé, passou a se interessar por decoração e começou a estudar arte em vidro na Heidt Glassworks. No vidro ele encontraria sua especialidade, e se consagraria como a maior referência do Art Nouveau nos Estados Unidos. Não é à toa que lá, a Nova Arte se chamava “Tiffany Style”, ou seja, sua relevância é irrefutável.

Louis Comfort Tiffany

Art Nouveau

Para entender mais sobre a arte de Tiffany, é preciso falar do Art Nouveau. Com forte inspiração do Arts and Crafts, o movimento surge em Paris e rapidamente passa a se espalhar pela Europa de forma intensa. Surgem artistas revolucionários como o belga Victor Horta, o espanhol Antoni Gaudí, o austríaco Otto Wagner, e o já citado Emille Gallé. O movimento era ousado, batia de frente com o conservadorismo artístico do século XIX, e pintava uma nova era na arte, atendendo à vida e ao movimentado cotidiano urbano, ao mesmo tempo em que trabalhava uma certa naturalidade de formatos. O Art Nouveau tinha como principais características a constante referência a natureza e a mulher, bem como a assimetria das formas, que causava uma incrível sensação de abstração. O estilo logo passou a ser principalmente decorativo e arquitetônico.

A arte de Louis Comfort Tiffany

Tiffany trabalhava primordialmente com objetos de vidro, de abajures, até janelas e vitrais. Ele tinha como inspiração a natureza, e isso transparece em seus trabalhos, principalmente pela textura característica utilizada em suas obras. Samuel Bing (importante vendedor e simpatizante da Art Nouveau no final do século XIX) expressou de maneira certeira que a arte de Tiffany “sintetiza o que há de mais sedutor na natureza”.

Um de seus clássicos abajures de vidro. Uma verdadeira reverência a natureza. Com folhas e flores formando uma espécie de amalgama naturalista.

Um azul de aspecto noturno se funde com desenhos que lembram os galhos e as plantas de uma arvore. É muito interessante como ele usa a base do objeto para mimetizar o tronco.

Louis Tiffany é mais conhecido pelos seus trabalhos de menor escala, mas suas artes de grandes dimensões também impressionam. Aqui temos a referência feminina clássica do Art Nouveau num enorme vitral presente na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

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Eduardo Raddi

Acadêmico de Jornalismo, baterista d'O Grito, amante das artes (sobretudo música), botafoguense inveterado, compartilho experiências, resenhas e claro, cultura.